segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Amarga Senhora

A casa era confortável a velha não tinha do que se queixar. Eles a tratavam bem, afinal estava em casa.
A casa  agora era silenciosa, e ela vivia procurando com o olhar alguém, mas ninguém aparecia, apenas uma jovem, que estava atenta ao livro que lia, sem dar maiores importâncias para a coitada ali deitada naquela cama.
 Agora de idade avançada, com as dores como companheira fazendo com que ficasse horas e mais horas com uma amiga nada boa, a lembrança.
Mas a lembrança não era as que vinham na sua mente e sim o rosto daquela moça que apesar de tão pequena e ingênua, e inocente. Trazia na verdade todos os erros, e passos impensáveis que agora a senhora ali, já tinha tomado no passado.
Numa outra época, quando era uma outra mulher, e quantas mulheres cabe dentro de nós?
Aquela que não escutou o amor do marido, o choro das crianças, os conselhos da mãe calejada, das primas desesperada... Da vida de outras...
Assim então achando que seria diferente, mas não seria, afinal ela não teria muito para onde ir, talvez por um tempo teria um abrigo em braços jovens, sorrisos falsos promessas de uma juventude que está se iniciando enquanto a dela era pra ser mais madura e preferi a ironia e as razões para “viver”
É meu bem...
O tempo passou e não te esperou?
Os filhos cansaram e trilharam sem você?
O marido que um dia foi tudo, agora tem lá outras prioridades aquelas que tanto você dizia que tinha...lembra?
A cama ainda é macia, mas os erros nem tanto...
Então teria que aguentar aquele sorriso, que mesmo sem falar nada, dizia claramente quem você foi, quem você é e como isso um dia vai terminar...

Foi então que pensou que ela não foi diferente de ninguém, sendo que tomou os mesmos caminhos que tantos outros já seguiram. Hoje sozinha ou não, não sabe se pode se arrepender ou  foi isso que sempre quis...


c Roberta Del Carlo c 

domingo, 3 de novembro de 2013

Um sofá velho


Um velho sofá numa praia qualquer.

Um dia passeando pela praia viu um sofá velho, rasgado ali na areia da praia, e as dúvidas começaram a saltar em sua mente como, por exemplo, como foi parar aquele sofá na areia da praia?

Será que foi o mar que arrastou? Alguém arrastou até ali e para aonde iria?
Mas ele não fez muito, apenas pensou só deixando a curiosidade ser maior do que propriamente fazer algo. O cenário ao seus olhos era estranho, triste, sujo.
Um dia aquele sofá serviu para alguém, hoje poderia não ser mais tão bonito, hoje não serviria mais para nada, apenas para poluir...

Então passamos o sofá para as pessoas, o dia que não servir mais para as pessoas então como será, vai ser como aquele sofá ali da praia, simplesmente jogado fora, tornando-se problemas para outras pessoas, a entregue a própria morte.
 

Aquele sofá poderia ser apenas reformado e poderia servir para outra pessoa.


c Roberta Del Carlo c