sábado, 4 de fevereiro de 2017

Conto: Bubu



O amigo secreto de gelo

Bubu, o amigo imaginário.

Era mês de dezembro e a família estava bem agitada e feliz, assim, que chegaram a Bariloche para passarem as festas do fim de ano e a única coisa que a família pensava era em sair logo para, esquiar.
O único que não estava tão animado era o menino Juninho, o caçula. Apesar dos esforços da mãe e das irmãs para que o menino fosse para todos os lugares, o menino ainda queria ficar no quarto do hotel, tomando chocolate quente e fazer as estripulias que quisesse como pular a vontade na cama de casal e ter o controle da TV apenas para si.
As horas foi passando e o menino foi cansando de ficar ali, só, e começou a sentir falta das irmãs e da mãe que agora estavam no restaurante do hotel. Só que Juninho menino valente não contou que sentiu saudades quando a mãe ligou para o quarto do hotel, avisando que elas estavam ali e que era pra ele descer.
Juninho disse que era grande e que se cuidava sozinho, a mãe no telefone respondeu que estava tudo bem, mas só sossegou mesmo quando uma das filhas foi até o quarto e foi ver como o menino estava. A menina disse que ele estava quietinho, olhando a neve cair.
O que a menina não viu foi que Juninho estava olhando para um boneco de neve que estava lá fora.
O boneco branco era redondo com uma cartola de lado e um nariz engraçado.
-Hein! Você ai na janela!
Juninho escutou e logo olhou para os lados, procurando quem o chamava no quarto.
-Aqui fora, sou eu...olha aqui— E voz continuou chamando.
Juninho que nada encontrou ali no quarto, olhou de novo para a janela e viu o boneco e pode ouvi-lo.
-Sou eu Juninho. Aqui fora.
Juninho surpreso, ficou estático por alguns segundos e logo enfrentou o susto.
-Como você sabe o meu nome?
O boneco respondeu com ar de sabido.
-Eu ouvi sua mãe te chamar, oras...Pensou que eu fosse um adivinho é?
-E o que você quer? — Juninho estava ainda desconfiado, pensou que poderia ser alguma pegadinha das irmãs.
- Eu queria brincar — respondeu o boneco — Vamos?
Juninho riu.
-Mas deixa de ser bobo, você nem sai do lugar.
-Quem disse que não posso? - desafiou o boneco -Eu queria jogar bola, vamos?
-Acho melhor não— Respondeu o menino ainda desconfiado.
-Vamos Juninho, eu posso sair daqui na hora que eu quiser.
Juninho riu alto e respondeu
-Essa eu quero ver...Vai, desfila ai pra eu ver ...- e caiu na risada.
O boneco um pouco envergonhado disse:
-É agora não posso...
-Tá vendo! Eu sabia!
-Mas, é porque não estou com o meu cachecol mágico.
Quando Juninho ouviu a palavra “mágico”, foi então que parou e ficou vidrado na janela.
-Você disse mágico? Você tem um cachecol mágico! Como assim...
-Sim, eu tenho e foi minha bisavó que fez.
-E onde está o seu cachecol? — Agora Juninho ficou curioso.
-Está caindo ali...o vento levou. É por isso que tenho que ficar aqui.
-E você quer que eu pegue pra você? Eu nem sei o seu nome.
O boneco esperançoso, respondeu
-Eu me chamo Bubu.
-Bubu! - exclamou Juninho que ficou ali pensando em como chegar até lá embaixo — Olha, Bubu a minha mãe não pode saber que sai do quarto, eu posso me perder por ai...
-Oras, mas eu não deixo isso acontecer.
Juninho pensou, pensou e saiu da janela.
Bubu, viu o menino se afastar e perdeu as esperanças. Lá ele ficaria a noite toda, sozinho, sem brincar e sem o seu cachecol laranja.
Quando então, Juninho chegou trazendo uma bola azul e o velho cachecol laranja que estava mesmo caído a poucos metros do boneco de neve.
-Juninho! Você veio me ajudar!- O boneco ficou feliz.
-Aqui está o seu cachecol e a bola pra gente brincar.
-Muito obrigado meu amiguinho.
-Mas, quem tirou o seu cachecol?
-Dessa vez foi o vento que levou mas, as crianças sempre tira e jogam por ai.
-E você não fala nada?
-Elas não me escutam... Só as crianças de bom coração.
- E eu tenho bom coração Bubu?
-Tem sim meu amiguinho. E ai vamos brincar?
Bubu deu alguns passos e deu um chute na bola que foi na direção de Juninho que ficou surpreso e respondeu o movimento.
E ali na neve, agora com seus devidos agasalhos, ficaram brincando de futebol por um bom tempo.
Bubu ainda contou historias daquela cidade e da sua família, a família de Neves das Neves e que o seu ultimo amigo, foi uma menina e que ele brincou de boneca e tomou chá.
Juninho riu e achou engraçado, o seu amigo imaginário ter brincado com uma boneca.
Depois de tanto brincar, era hora de entrar já que sua mãe e irmãs estavam voltando para o quarto.
Bubu sempre esperto, levantou o menino até o alto da janela do quarto e o colocou lá dentro.
-Pronto amiguinho.
-Adeus Bubu. Amanhã eu vou embora.
-E quando você volta para Bariloche Juninho?
-Eu não sei. Ainda sou pequeno e não posso viajar de avião sozinho...
-E eu não posso ir até Santos senão eu derreto todinho, eu sou um menino de neve...
-Mas eu volto Bubu — prometeu Juninho — Vou pedir para a minha mãe me trazer aqui e então vamos brincar bastante!
- Fechado.
Bubu e Juninho apertaram as mãos.
Quando um barulho na porta, fizeram eles correrem.
-Elas voltaram!
-Preciso ir embora. Adeus Juninho e obrigado por me ajudar. Olha lá na porta.
Juninho olhou para a porta fechada, e quando olhou de volta, o seu amigo Bubu tinha sumido.
O menino foi até a janela e não viu mais o boneco, mas viu as pegadas do amigo na neve fofa. E riu.
-Juninho! Ainda acordado?
O menino agora mais animado e cheio de energias, pulou nos braços da mãe e a abraçou.
-Eu gostei da viagem mãe.
-Só agora que você me diz isso...e nem quis sair para fazer novos amigos.
-Ué, quem disse que eu não fiz amigos aqui— e o menino riu, divertido.
E na manhã seguinte, enquanto a mãe de Juninho arrumava as malas, viu um cachecol laranja, mas quando ia perguntar de quem era, logo pensou que fosse uma das filhas que comprou para o caçula da família e guardou na mala.
Juninho antes de partir, olhou na janela e viu o seu amigo Bubu parado no mesmo lugar que na noite passada. Com um novo cachecol de cor laranja.
-Adeus Bubu— disse o menino antes de partir.
-Adeus menino Juninho e seja um bom garoto.
-Eu vou demorar pra voltar aqui, você vai esquecer de mim?
-Eu nunca me esqueço dos meus amigos.
-Promete Bubu?
-Prometo.
O boneco ficou ali por um bom tempo.
E Juninho nunca mais se esqueceu do seu amiguinho imaginário chamado Bubu Neves das Neves e cumpriu o que prometeu ao seu amigo e foi um bom menino.

Fim







c Roberta Del Carlo c 

domingo, 29 de janeiro de 2017

Romance novo no Wattpad

Olá!


Depois de um bom tempo sem postar nada na plataforma chamada Wattpad, agora estou voltando com um romance que estou cruzado os dedos, para apaixonar e emocionar os leitores!
Quer uma dose?

 Uma Adorável Impostora - Romance de Roberta Del Carlo
5 de janeiro.
Porto de Santos- São Paulo
Tarde nublada.
A hora de encerrar a cena, sair pela porta lateral e voltar para a realidade, tinha chegado.
As lembranças ficariam eternamente gravadas em seu coração, aquele sentimento ela tinha certeza que ninguém poderia arrancar.
Enquanto se afastava, com passos ágeis mesmo com aqueles saltos, um lenço de seda cobrindo os cabelos e no rosto um grande e charmoso óculos escuros, para esconder o doce e o amargo de ter sido uma impostora nos últimos dias. Ela agora tinha que fazer a entrega.
Em suas mãos carregava uma pequena frasqueira feminina estilo vintage, que apesar do formato e do peso do couro, esse não era o seu maior peso e sim com que continha dentro.
O carro já encontrava-se em seu campo de visão e Fred já a aguardava, quando então uma voz forte, firme e recentemente familiar a fez parar no mesmo instante.
Mariah!
Ela girou o corpo e encontrou Heitor, parado e focado em sua direção com uma postura rígida e um olhar cheio de indagações. Ele segurava o guarda-chuva que um dos seus empregados tinha oferecido ao desembarcar do navio.
Heitor...
Partindo sem se despedir...
O olhar masculino analisava toda a figura feminina, que logo abriu um sorriso contido e tirou os óculos escuros.
Eu não queria incomodar... Você dormia tão tranquilamente e a nossa noite foi uma despedida maravilhosa.
Quando voltaremos a nos ver?
Ele a queria e deixou muito bem explicito.
Por sua vez, ela não deixou a emoção transparecer, não podia, não era correto.
—Eu não sei ...
Heitor não gostou daquela reposta mesmo sabendo que nada poderia ser exigido, só que a feição fechada e sisuda masculina mais uma vez se fez diante do olhar da mulher com quem passou os últimos dias.
—Vamos.Eu a levo até o carro.
Os dois caminharam lado a lado. Ela carregando a frasqueira diante do corpo, quase agarrando com medo de que algo poderia sair muito errado.
Logo,que pararam na lateral do carro preto, Heitor mantinha os dois protegidos daquela chuva que começava aumentar.
—Caso ainda estiver na cidade, gostaria de aceitasse o convite do meu avô para aquele jantar na sexta, na mansão.
—Se tudo ocorrer como o esperado, irei com todo prazer.
Heitor ainda não estava convencido, parecia até querer falar algo a mais ou ouvir.
—Foi um prazer Mariah.
E no segundo seguinte, os lábios de Heitor tocaram a maciez da boca feminina que retribuiu, sem medo e sem pressa, embalada pelo momento, por todo aquele cenário e aquela despedida.
—E foi mesmo Heitor— soprou Mariah, sem pensar quando ainda voltava a si, depois daquele beijo tão delicado e ao mesmo tempo envolvente, renascendo uma emoção que ela teria que sufocar ao longo da sua vida — Agora, eu preciso partir, tem algumas pessoas à minha espera.
E mais uma vez ela não mentia.
—Pessoas que o Fred conhece.
—Fred aprontou no passado, mas agora é um bom homem.
—Ainda não me sinto convencido. Mas, se você diz ...- respondeu num tom levemente debochado e olhou em volta demoradamente, a chuva começa a ficar mais forte e logo ele a encarou e disse — Eu também tenho que partir. Foi um prazer ter conhecido você.
Heitor abriu a porta para que ela entrasse na Land Rover.
—Até um dia Heitor Talbot.
—Até breve Mariah.
No momento que ela entrou no carro um som forte de trovão pode ter sido ouvido por todos ao longo alcance.
Heitor seguiu com aquele andar confiante e imponente, a sua bagagem já tinha sido descarregada e o seu carro já estava a sua espera.
E olhando o carro de Mariah partir, ficou tentado em seguir, mas não o fez, pois tinha novos, nobres e importantes assuntos para serem estudados e aprovados, já que era o vice –presidente da empresa da família e aquela aventura ficaria no passado. Tinha que ser assim.
Até mesmo porque ele era comprometido.
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Agora, ela estava em quase segurança, mas ainda segurava as lágrimas e o próximo destino, era a casa da Senhora Hélene Garbone.
Parabéns!
Fred que viu tudo desde o início, agora presenciava a desmoronar ali ao seu lado que ainda sim continuou com suas considerações nada acolhedora pois mesmo sem ironia, também não mostrava apoio algum.
Deveria ter sido atriz menina, teria ganhado muito dinheiro...Não chore, sua boba.
—Não sei como fui capaz. - choramingava, agora com a cabeça baixa e com o corpo dobrado, deixando assim as lagrimas rolarem — Eu nunca mais quero fazer isso...Essas pessoas...Essa viagem...tome. Fique com você.
Logo, ela passou a frasqueira para o colo de Alfred, que olhou encantado para aquele objeto. E sem mesmo abrir, disse olhando fixamente para a frasqueira.
—Eu liguei para elas e já estão nos esperando na cobertura.
—Ótimo — respondeu, assim que ergueu o tronco e limpou o rosto — Quero acabar logo com isso.
—E Mariah foi tudo perfeito. Você foi maravilhosa, deixou todos aos seus pés e ainda está com essa preciosidade.
—E o que vai ser agora Fred?
O homem de meia idade, que sempre foi um bon vivant nas melhoras épocas paulistas e também no exterior. O homem que já viu longos e curtos amores, e pessoas serem vítimas da própria sede, poderia dizer tantas coisas.
Ele não tinha raiva da moça, pelo contrário, só que as palavras não seriam nada agradáveis e ela sabia que toda aquela ilusão, já tinha acabado quando o navio fora ancorado de volta.
—Bem...você vai pegar a sua recompensa e recomeçar, coisa que eu sei que está acostumada a fazer e ...ele...vai continuar rico, vai casar com alguma moça rica que seja parente de algum investidor próximo e vão ter filhos e assim assumir a cadeira do avó e esquecer ...
—Era exatamente isso que eu precisava ouvir, serão essas palavras que eu preciso guardar de agora em diante.
A chuva aumentou, deixando assim o tráfego parado por algum tempo.
Fredericoainda cochilou no assento confortável, deixando a frasqueira de couro entre os dois, como se não tivesse ali entre eles nada mais que alguns cifrões consideráveis altos.
Maria não parava de pensar em sua vida, nas escolhas, a queda e agora em Heitor Talbot.

link do Romance:


Roberta Del Carlo