O amigo secreto de gelo
Bubu, o amigo imaginário.
Era mês de dezembro e a família estava bem agitada e feliz, assim,
que chegaram a Bariloche para passarem as festas do fim de ano e a única coisa
que a família pensava era em sair logo para, esquiar.
O único que não estava tão animado era o menino Juninho, o
caçula. Apesar dos esforços da mãe e das irmãs para que o menino fosse para
todos os lugares, o menino ainda queria ficar no quarto do hotel, tomando
chocolate quente e fazer as estripulias que quisesse como pular a vontade na
cama de casal e ter o controle da TV apenas para si.
As horas foi passando e o menino foi cansando de ficar ali,
só, e começou a sentir falta das irmãs e da mãe que agora estavam no
restaurante do hotel. Só que Juninho menino valente não contou que sentiu
saudades quando a mãe ligou para o quarto do hotel, avisando que elas estavam
ali e que era pra ele descer.
Juninho disse que era grande e que se cuidava sozinho, a mãe
no telefone respondeu que estava tudo bem, mas só sossegou mesmo quando uma das
filhas foi até o quarto e foi ver como o menino estava. A menina disse que ele
estava quietinho, olhando a neve cair.
O que a menina não viu foi que Juninho estava olhando para
um boneco de neve que estava lá fora.
O boneco branco era redondo com uma cartola de lado e um
nariz engraçado.
-Hein! Você ai na janela!
Juninho escutou e logo olhou para os lados, procurando quem
o chamava no quarto.
-Aqui
fora, sou eu...olha aqui—
E voz continuou chamando.
Juninho que nada encontrou ali no quarto, olhou de novo para
a janela e viu o boneco e pode ouvi-lo.
-Sou
eu Juninho. Aqui fora.
Juninho surpreso, ficou estático por alguns segundos e logo
enfrentou o susto.
-Como
você sabe o meu nome?
O boneco respondeu com ar de sabido.
-Eu
ouvi sua mãe te chamar, oras...Pensou que eu fosse um adivinho é?
-E
o que você quer? —
Juninho estava ainda desconfiado, pensou que poderia ser alguma pegadinha das
irmãs.
-
Eu queria brincar —
respondeu o boneco —
Vamos?
Juninho riu.
-Mas
deixa de ser bobo, você nem sai do lugar.
-Quem
disse que não posso? - desafiou o boneco -Eu queria jogar bola, vamos?
-Acho
melhor não—
Respondeu o menino ainda desconfiado.
-Vamos
Juninho, eu posso sair daqui na hora que eu quiser.
Juninho riu alto e respondeu
-Essa
eu quero ver...Vai, desfila ai pra eu ver ...- e caiu na risada.
O boneco um pouco envergonhado disse:
-É
agora não posso...
-Tá
vendo! Eu sabia!
-Mas,
é porque não estou com o meu cachecol mágico.
Quando Juninho ouviu a palavra “mágico”, foi então que parou
e ficou vidrado na janela.
-Você
disse mágico? Você tem um cachecol mágico! Como assim...
-Sim,
eu tenho e foi minha bisavó que fez.
-E onde
está o seu cachecol? — Agora Juninho ficou curioso.
-Está
caindo ali...o vento levou. É por isso que tenho que ficar aqui.
-E você
quer que eu pegue pra você? Eu nem sei o seu nome.
O
boneco esperançoso, respondeu
-Eu me
chamo Bubu.
-Bubu!
- exclamou Juninho que ficou ali pensando em como chegar até lá embaixo — Olha,
Bubu a minha mãe não pode saber que sai do quarto, eu posso me perder por ai...
-Oras,
mas eu não deixo isso acontecer.
Juninho
pensou, pensou e saiu da janela.
Bubu,
viu o menino se afastar e perdeu as esperanças. Lá ele ficaria a noite toda,
sozinho, sem brincar e sem o seu cachecol laranja.
Quando
então, Juninho chegou trazendo uma bola azul e o velho cachecol laranja que
estava mesmo caído a poucos metros do boneco de neve.
-Juninho!
Você veio me ajudar!- O boneco ficou feliz.
-Aqui
está o seu cachecol e a bola pra gente brincar.
-Muito
obrigado meu amiguinho.
-Mas,
quem tirou o seu cachecol?
-Dessa
vez foi o vento que levou mas, as crianças sempre tira e jogam por ai.
-E você
não fala nada?
-Elas
não me escutam... Só as crianças de bom coração.
- E eu
tenho bom coração Bubu?
-Tem
sim meu amiguinho. E ai vamos brincar?
Bubu
deu alguns passos e deu um chute na bola que foi na direção de Juninho que
ficou surpreso e respondeu o movimento.
E ali
na neve, agora com seus devidos agasalhos, ficaram brincando de futebol por um
bom tempo.
Bubu
ainda contou historias daquela cidade e da sua família, a família de Neves das
Neves e que o seu ultimo amigo, foi uma menina e que ele brincou de boneca e
tomou chá.
Juninho
riu e achou engraçado, o seu amigo imaginário ter brincado com uma boneca.
Depois
de tanto brincar, era hora de entrar já que sua mãe e irmãs estavam voltando
para o quarto.
Bubu
sempre esperto, levantou o menino até o alto da janela do quarto e o colocou lá
dentro.
-Pronto
amiguinho.
-Adeus
Bubu. Amanhã eu vou embora.
-E
quando você volta para Bariloche Juninho?
-Eu não
sei. Ainda sou pequeno e não posso viajar de avião sozinho...
-E eu
não posso ir até Santos senão eu derreto todinho, eu sou um menino de neve...
-Mas eu
volto Bubu — prometeu Juninho — Vou pedir para a minha mãe me trazer aqui e
então vamos brincar bastante!
-
Fechado.
Bubu e
Juninho apertaram as mãos.
Quando
um barulho na porta, fizeram eles correrem.
-Elas
voltaram!
-Preciso
ir embora. Adeus Juninho e obrigado por me ajudar. Olha lá na porta.
Juninho
olhou para a porta fechada, e quando olhou de volta, o seu amigo Bubu tinha
sumido.
O
menino foi até a janela e não viu mais o boneco, mas viu as pegadas do amigo na
neve fofa. E riu.
-Juninho!
Ainda acordado?
O
menino agora mais animado e cheio de energias, pulou nos braços da mãe e a
abraçou.
-Eu
gostei da viagem mãe.
-Só
agora que você me diz isso...e nem quis sair para fazer novos amigos.
-Ué,
quem disse que eu não fiz amigos aqui— e o menino riu, divertido.
E na
manhã seguinte, enquanto a mãe de Juninho arrumava as malas, viu um cachecol
laranja, mas quando ia perguntar de quem era, logo pensou que fosse uma das
filhas que comprou para o caçula da família e guardou na mala.
Juninho
antes de partir, olhou na janela e viu o seu amigo Bubu parado no mesmo lugar
que na noite passada. Com um novo cachecol de cor laranja.
-Adeus
Bubu— disse o menino antes de partir.
-Adeus
menino Juninho e seja um bom garoto.
-Eu vou
demorar pra voltar aqui, você vai esquecer de mim?
-Eu
nunca me esqueço dos meus amigos.
-Promete
Bubu?
-Prometo.
O
boneco ficou ali por um bom tempo.
E
Juninho nunca mais se esqueceu do seu amiguinho imaginário chamado Bubu Neves
das Neves e cumpriu o que prometeu ao seu amigo e foi um bom menino.
Fim
c Roberta Del Carlo c
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